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Em Dez Anos II (2002)

TEXTO ENCARTE 

Existem pessoas que crescem, multiplicando e distribuindo oportunidades. Estes somam, sem preocupar-se ao plantar que outros possam também colher ou compartilhar a mesma sombra, pois o mais importante é a semente frutificar...

Djalma Bezerra é um exemplo de que a dignidade, o trabalho e o amor podem caminhar e crescer juntos.

A Fazenda Promissão é o retrato dessa soma e a prova feliz de que um grande homem cresce e com ele crescem todos os que o acompanham Djalma Bezerra, Fazenda Promissão.

As cores do arco-íris sobre suas vidas brilhando na imensidão.

É dos seus irmãos, esposa e filhos essa homenagem.

Como o Dez Anos II preservamos todo o nosso trabalho em Cd's  e concluímos a nossa intenção de manter viva a paixão de cantar sempre a Amazônia e algumas de suas estórias.

Agradecemos ao carinho do Itaóca Belém Hotel pelo espaço aconchegante cheio de paz e tranquilidade.

No mais, esperamos que esse trabalho possa agradar a todos.

 

Nilson Chaves


 

FICHA TÉCNICA

Gravação e mixagem: Mário "Leco" Possolo, Carlos de Andrade (Carlão), Denílson, Toninho Barbosa, Harley Barros e Sérgio Lima Neto.

Produção Musical: Nilson Chaves, Fernando Carvalho e Carlos de Andrade (Carlão).

Produção Executiva CD: Nilson Chaves, Rosana Yentas e Ricardo França.

Produção executiva LP's: Nilson Chaves, Roseli Naves e Marcos Quinan.

Assistente de Produção: Gracinha Almeida.

Capa: Tela do Artista plástico Fernando Costa Filho.

Arte Final: José Antônio e João Alfredo Mangia.

Fotografia: Paulo Bordalo.

Assistente de Fotografia: Idam Goes.

Arranjos: Nilson Chaves, Vital Lima, Marcelo Lima, Fernando Carvalho, Antonio Adolfo, Armênio Graça, Flávio Venturini, Fernando Merlino e Jacinto Kawage.

Assistente de Estudio: JP, Rica, Adilson, Cristo. Tião e Sagica.

Produção Geral: Nilson Chaves, Rosana Yentas e Ricardo França.

Produtor Fonográfico: Outros Brasis Comercial e Editora Ltda.

Música "Promissão" - Gravada no Studio Borges (Belém-PA) em Setembro de 1994 em 24 canais.

Técnico de Estúdio: Assis.

Mixagem: Assis, Nilson Chaves e Sagica. Masterizado na Vison Digital em Setembro de 1994.

Masterização: Eng Rodrigo Lopes.

Assistentes de Masterização: Fernando Carvalho e Rosana Yentas.

FAIXAS

 

Sina de Ciganos

(Vital Lima)

Todos esses anos
Temos ficado juntos
E conversando muito
- Sina de Ciganos

 

Dança de Tudo

(Nilson Chaves)

As ondas do mar são grandes movimentos

A espuma no ar é um belo movimento

O leito do fundo do rio é o verde alto do mar

É a mágica dança das águas e seus mistérios

 

O vento na mata é um grande movimento

As nuvens no ar são leves movimentos

No corpo esse ato de amor

Explode uma dança no ar

É o grande momento da terra e seus movimentos

 

A força do fogo é som, é movimento

O canto do corvo é som, é movimento

É a mente na sua explosão

É o vento no ar da emoção

Desse fogo com a água e a terra no mesmo momento

Interior

(Nilson Chaves, Vital Lima)

E bem depois que a chuva caiu
Ainda o cheiro de terra encharcada
Tua solidão e tua boca molhada
O coração, de novo, armando outra emboscada
E o nosso interior comendo estrada

Beber do poço pela primeira vez
Cochicha-me tua boca a frase guardada
Vaca que emprenha a sua primeira rês
Medo de dizer o que não sabe a manada
E o nosso interior bebendo estrada

Um lampião nos levará pra casa
Sua luz lumiará teu coração também
E quando for a hora de eu ir embora
Não chora, espera,
Que sempre chega um outro bem

 

Doce Veneno

(Nilson Chaves)

Quando eu digo...Te amo
Falo do céu e das tuas estrelas
Falo da Terra, universo, natureza
Quando eu digo...Te amo
Falo do mar, da floresta, do vento
Falo da seiva, da chuva, do mormaço, pessoas
Sou um rio
Levando as histórias
Da tua beleza
Teu cheiro
Exala no dengo
Das tuas morenas
Na Braz de Aguiar
Mora o sonho
Dos homens despidos na Doca
Me toca nos bares da noite
Teu doce veneno...

Quando eu digo...Te amo
Falo do sempre
Do Círio, de tudo
Fao do eterno moleque
Do quanto te amo...

Belém, Belém
Regue a saudade
Regue a saudade pra mim
Belém, Belém, Belém, Belém
Regue a saudade
Regue a saudade pra mim...

 

Graviola


 

São Judas Tadeu

(Jamil Damous, Nilson Chaves)

São Judas Tadeu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

 

São Judas Tadeu

Eu nunca mais te vi

Ancorado no porto

O mundo não era torto

O mar era logo ali

 

São Judas Tadeu

Nome de santo e de barco

Arco-íris no meu olho

O mundo é um grande rebolo

De camadas desiguais

 

São Judas Tadeu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

 

Mané, mané, mané

Vovô, vovô, vovô

É teu, é teu, é teu

Mané vovô é teu

 

São Judas Tadeu

Vem consolar os meus ais

Vais me salvar do naufrágio

Já não sou tão ágil

Não navego mais em ti

 

São Judas Tadeu

No entanto, apesar de tudo

Tu manténs a chama acesa

O segredo da beleza

O meu sonho mais real

 

São Judas Tadeu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

 

Toda a minha tristeza passa ao largo

Da baía e ainda há alegria

De esperar aqui no cais

 

Mané, mané, mané...

 

São Judas Tadeu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

Mané vovô é teu

Tango Amazônico

(Luiz Fontana)

Desde os tempos da Isabel
Já tinha índios abafando no inglês
Nossa Amazônia transformada em cartel
Nossa madeira na borracha e no papel
Do Tupi do Guarani
Só restou o Raoni
E um LP de rock'n roll
Que o Sting lhe deixou
Pelos tempos qeu passou
Nessas terras de Cabral
Tão roubando pra xuxu
Bem por debaixo do bigode do Sarney
E muita gente que se diz Caramuru
Tá na verdade construindo o Norte-Sul
Pelo bem da economia
Vão fazendo a ferrovia
E serrando nosso pau
Compensando a ecologia
Chico Mendes vira samba
Concorrendo ao Carnaval
Intercede o americano
E o mundo inteiro preocupadocom o País
A Xuxa no poder, Brizola sem saber
Pois nesta terra tudo pode acontecer
Se queima a gasolina, engana a malha fina
e a Rede Globo vai pegando pra valer...
E nas águas do plim-plim
Eu me transformo num herói tupiniquim.
Tira mão do meu terreiro
Esta eu vi primeiro
Tá provado pelo mapa
Teu buraco é mais em cima
Sai pra lá não se aproxima
Pois eu vou contar pro Papa.
Amazônia é minha e ninguém tasca
Não enche o saco vai cuidar do teu Alasca
Isso não se faz onde já se viu
O Tio Sam tirando casca do Brasil.
Isso não se faz onde já se viu
O Tio Sam que vá pra...
Olé!

 

Luz de Lampião

(Nilson Chaves e João Gomes)

Eu mais tu naquela moda lá no sertão 

num relampo de sodade lá no sertão 

salpiquemo num ponteio nossas mão 

sei lá sei não

do repente dessa vida nossa paixão 

tu mais eu naquela moda luz de lampião 

nus puzemo de retôrno pro coração 

coração que eu digo é todo aquele chão 

que dor lembrar 

ah o brilho dessa gente nosso lugar 

nois sentô naquela terra pra modiar 

sobre o pé da gameleira tinha um luar 

essa lua disse em verso com a voz do vento 

que nois semo como o sol 

vivemo nos bocejo da manhã 

eu mais tu ou tu mais eu no amor tanto faz 

nos bebemos de sodade hoje onde estás 

estás por certo em outra moda a luz de lampião sei lá sei não

eu queria modiar nossa paixão


Feliz

(Nilson Chaves)

Na calma de um jardim

no cheiro do jasmim no doce dêsse mel

no sonho com as estrelas

no vôo das abelhas

sempre estás como um farol

no riso dos curumins

no canto dos curiós 

no azul do azul do céu 

está no sol dessa manhã 

no sabor dessa maçã 

no mergulho do anzol no rio 

sei que estás no som dos sinos 

e dentro do meu destino 

no universo dos meninos 

no olhar de um novo amor 

no beijo sedutor

na viagem de um disco voador 

quando estás, eu estou no ar 

na cauda de um pavão 

no fogo de um verão 

o corpo lindo e nu 

o vento as palmeiras 

o papo a tarde inteira 

no trajeto dos navios 

no giro dos carrosséis 

na dança das marés 

nas lendas de um rio 

estás nos deuses nos planetas 

no pouso das borboletas 

no fascínio eterno pelos querubins 

sei que estás no som dos sinos...

Lua

(Nilson Chaves e Jamil Damous)

Todo mês toda vez que te vejo

é sempre o mesmo obscuro desejo

toda nua no céu

ou por trás desse véu

que tu usas nas noites de chuva

é sempre o mesmo obscuro desejo... bis

eu te mando um beijo distante 

e te guardo no fundo do peito

oh meu coração redondo

feito um cão

eu te rondo eu te rondo

e te amo como se fosses mulher 

e te como mas não matas a fome

de quem sempre te quis e te quer

mas não ousas chamar o teu nome

e nem ousa o teu nome

todo mês toda vez que te vejo

é sempre o mesmo obscuro desejo... bis


Nós dois aqui

(Flávio Venturini, Nilson Chaves)

São as cores desse sonho
Que aqui dentro me despertam
Quando chegas com teus olhos
Me dizendo coisas belas

Eu te chamo pro meu colo
Prá dentro de mim
É tão lindo o universo
De nós dois aqui ...

Quando a noite tem teu cheiro
Esse cheiro me alumia
Eu respiro o teu desejo
E me invades como o dia

Tanto amor em mim
É tão lindo o universo
De nós dois aqui ...

Presença linda
És um raio de luar
Brilho da vida
Bom é te navegar
Estrela minha
Iluminando o ar
Que coisa linda
Bom é te navegar
A manhã traz um sorriso
Que me abraça e me chama
Eu te trago pro meu peito
Há um sol na minha cama

Tudo isso é tão simples
E me faz feliz
É tão lindo o universo
De nós dois aqui ...

Presença linda
És um raio de luar
Brilho da vida
Bom é te navegar
Estrela minha
Iluminando o ar
Que coisa linda
Bom é te navegar

 

Das frutas

(Jamil Damous, Nilson Chaves)

Açaí,
Tua boca rochinha de paixão.
Murucí,
Que saudade de ti no maranhão.
Burití,
Vermelinho da cor do coração.
Bacuri,
Fruta flor, puro odor
Que sensação...

Taperebá,
Eu não vou, eu não vou, eu vou cantar outra rima.
Maracujá,
Bem cheirosa e gostosa tanto quanto a cima.
Jacajá,
De traz pra frente me alucina.
Cupuaçu,
Tão branquinho na tua língua.

 

Jambo, caju, graviola
Tem o tom de uma canção,
Que tem sabor...

 

Pitanga, manga rosa, mangaba, ingá,
Pupunha, piquiá, carambola e araçá.
Ajiru, birimbá, tucumã e saboti.
Cajuí, bacaba, abil e goiaba.

 

Taperebá,
Eu não vou, eu não vou, eu vou cantar outra rima.
Maracujá,
Bem cheirosa e gostosa tanto quanto a cima.
Jacajá,
De traz pra frente me alucina.
Cupuaçu,
Tão branquinho na tua língua.

 

Jambo, caju, graviola
Tem o tom de uma canção,
Que tem sabor...

 

Estrada do Sertão

(João Pernambuco)

Coisa que não arrenego
nem tão pouco desapega
ter gostado de você
foi gostar desenchavido
encruado e recolhido
de ninguém se aperceber

Matutando vou na estrada
nos meus óios a passarada
faz um ninho pra você
juriti espreita triste
a jandaia não resiste
chora junto por você

Nos teus óios faz clarão
é um verde, um azulão
tiê sangue furta cor
que me dá desassossego
que me suga que nem morcego,
mangando que é beija-flor

Não me encrespe a vida assim
já me basta o que de mim essa vida caçoou
não me faz essa graçola
de me abrir essa gaiola
pra depois não me prender.

Canta firme juriti
vê se entoa uma canção
sabiá me roça aqui
bem junto do meu coração
pousa aqui meu colibri
vê se tu tem pena d´eu
quero ser teu bacuri
quero ser de vóis meçê

Quanto mais me desfeiteia,
me despreza, mais me arrasto pra você.

Canção da Véspera

(Cristóvam Araújo, Nilson Chaves)

Tua ausência é o espaço

Já ocupado por ti

É o peso do teu corpo

Marcado sobre os lençóis

 

Tua ausência é o convívio

Longas conversas, silêncios

Gestos antes pressentidos

E já vivendo serenos

Na lembrança, esquecimento

 

Tua ausência é alegria

De já estares conosco

Sombra, olhos, riso, voz

Caminhando na cidade

 

Tua futura chegada

Foi ontem e, mesmo agora,

Que repousas tua ausência

Na nossa sede e cansaço

 

O tempo de respirar

E de manter a certeza

De que habitas nossa casa

Por dentro do coração

 

Lágrima

(Vital Lima)

Quando o coração fica apertado
Um braço de rio meio azulado
Transborda em sua nascente
E desce assim desgovernado
Desse olho nacarado
Feito estrela cadente
Meteoro inesperado
Solitário incandescente
Língua de fogo brilhando na escuridão
Que pôs todos os arcanos
Escondidos pelos panos
Soltos nas águas barrentas
Do meu coração
Que vão inundando as lonjuras
Falseando e como as minhas juras
De não me render à dor
E as águas vão correndo à minha frente
Na secura das vertentes
Que procuram meu amor...
Meteoro inesperado...

 

Outro Interior

(Fernando Carvalho, Vital Lima)

Brilhar como estrela
Lá do interior
Tomar dela a luz
A cor
Pra mim
Pras pessoas

Abrir os caminhos
Não ter medo
Pra amar nunca é muito cedo
Triste é estar sozinho

Um coração
Vela na escuridão
Lembra minha cidade
Do interior
Guarda da solidão
Mas que me enche o peito
De saudade

Pelo que ela me traz
Pelas recordações
Pelo que eu quero mais
Ser feliz.

Exportação Brasileira

Um índio da nossa tribo 

arriscou entrar no mato 

foi caçar alguma coisa 

prá matar a sua fome 

e a companhia estrangeira 

avistando o movimento 

apagou sua memória 

lhe caçou com um tiro só 

só deram conta que o bicho 

não era onça nem lontra 

quando uma lady inglêsa 

se queixou da pele estranha 

depois de muito cochicho 

e muito disse me disse 

notaram que o tal casaco 

gelava o corpo da dama

um índio da nossa tribo 

que fareja longe um ardil 

descuidou-se na caçada 

virou casaco de frio... bis

Barum (Bacundê)

(Juraildes da Cruz)

Corta igual capim navaia

é gostoso de doer

na sombra da samambaia

brincava eu e você

o beijo assim que desmaia

de tanta vida e prazer

é fogo de jiquitáia

imbira de me prender

o seu coração em festa

tô prá ver outra nascer

vê se você me empresta

um tiquinho de você

tum tum tum ...

teu beijo tem gosto de barum

me dá me dá mais um

tum tum tum ... 

teu beijo tem gosto de mais um 

me dá me dá mais um 

o meu bem te vi cantando 

no florar do pé de ipê 

o sol da tarde corando 

teu olhar no igarapé 

venho no brilho da estrêla 

assim que você quizer 

querendo sei que não resta 

menor dúvida de ser 

um amor disinxavido 

me pegou no contrapé

*como luz que travessa vidro 

entra e sai sem ninguém ver 

tum tum tum …


Promissão

...............

 

Da Minha Terra

(Jamil Damous, Nilson Chaves)

Te trago da minha terra
O que ela tem de melhor
Um doce de bacuri
Um curió cantador
Trago da minha cidade
Tudo o que lá deixei
Dentro do bolso a saudade
E na mala o que sei

E eu sei tão pouco menina
Desse planeta azul
Sei por exemplo que o norte
Fica pros lados do sul
Sei que o Rio de Janeiro
Deságua em Turiaçú
Sei que você é pra mim
O que o ar é pro urubu

Te trago da minha terra
O que ela tem de melhor
Tigela de açaí
Bumba-meu-boi dançador
Trago da minha cidade
Tudo o que lá deixei
Numa das mãos a vontade
E na outra o que sonhei

 

E eu sonhei tanto menina
Londres, Estocolmo, Stambul
Sonhei New York, Caracas
Roma, Paris e Seul
Mas hoje o Rio de Janeiro
Ainda é Turiaçú
Só você pra mim já é
Leste, Oeste, Norte, Sul

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©2022 por Ramiro Quaresma.

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